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DANIELA PACE DEVISATE
(BRASIL – SÃO PAULO)
Nasceu em 1971, em São Paulo, capital. Depois morou nas montanhas mineiras e hoje mora na praia, no litoral sudeste de São Paulo, na Juréia de Iguape.
Formada em Pedagogia e licenciada em Artes Visuais, com pós-graduação em Artes Visuais, leciona Arte na escola estadual local e fabrica livros artesanais de poesia, que expõe em feiras de publicação independente.
Publica frequentemente poemas e alguns contos, nas redes sociais, em sua página “Palavracoisa” e no grupo literário que criou em 2017, “Alcateia”.
Tem poemas publicados em diversas revistas literárias digitais, como Mallarmargens, Literatura&Fechadura, Germina, Gente de palavra, Carnavalhame. P
articipou da antologia Voos Literários, editora Essencial, em 2018, e em 2020, participa da plaquete Poemas de Amor, antologia de poemas organizados pelo professor doutor Claudio Daniel.
De vez em quando usa os pseudônimos Devi Sat e Iandella Cape.
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DANIEL, Claudio. NOVAS VOZES DA POESIA
BRASILEIRA. Uma antologia crítica. Capa: Thiti
Johnson. Cajazeiras: Arribação, 258 p.
ISBN 978-85-6036-3333365-6
Exemplar biblioteca de Antonio Miranda
DESLENDO
eu queria uma
desplavra
destecendo textos
desmanchando nós
de uma linha
o corpo inerte
e suporte virgem
a tábula rasa
de linguagens brancas
infinitas
impecáveis, invictas
na lâmina da página
os nadas em expansão
lutam esgrima
o caderno de vestígios
antes da rubrica
já foi deletado e não
não há tradução
que não seja mentirosa
como um canalha
xavecando uma garotinha
de doze anos
mesmo estando apaixonado
é um canalha
e os poetas... hahaha
ladrões, aves de rapina
voam com jóias no bico
as carregam aos eus
rústicos ninhos
assim os desescritores
lavam suas letras
do grande livro
e dormem
***
Sentia a borboleta
de asas de foto a esvoaçar
e pousar por entre as pernas
na rosa de carne
que principiava
a entreabrir seus lábios
de róseas pétalas
pingando mel
para que você sugasse
e minha alma desmaiasse,
debruçada na varanda
de uma estrela cadente
porque explodiam sóis
sobre o planeta novo
PLANTA
(vista aérea)
Da própria estrutura do absurdo inferi algumas linhas.
Cruzei em pontos específicos as linhas clássicas e as
neobarrocas. Começa a se formar um desenho, ainda
difuso. Sigo seu rastro, obstinada. Como um detetive
desvendando um caso.
—Esse ângulo que necessita uma ferramenta.
— A curva copiei de uma nuvem que passava.
— A linha reta. (sempre me intrigou o mistério visual
da retíssima linha do horizonte, o mundo sendo redondo).
No meu mapa, algumas partes já se formam sozinhas,
um crescimento orgânico. Como varizes numa perna.
Como ramos numa árvore. Como a fissura na parede
duma casa antiga. Observo, em semi-silêncio. Talvez o
som dos meus pensamentos interfira no desenho.
*
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Página publicada em setembro de 2024
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